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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Novo Uno quer ser único para cada dono


Por Fabio Rinaldi

O dilema da Tostines chegou ao mercado automobilístico: afinal, o comprador de carros compactos é racional por natureza ou age assim porque não tem opção? Carros como o Gol, o Celta, Palio e o Uno Mille saem quase sempre com o mínimo possível das concessionárias afinal, para muitos, o fato de comprar um veículo zero km já é uma vitória em si.

A Fiat, com o novo Uno, quer quebrar essa tendência. O compacto, lançado nesta terça e quarta-feira na Praia do Forte, Bahia, tem como um dos principais atrativos a personalização. Por meio de adesivos e cores chamativas, o modelo pode ser combinado de várias maneiras, como vimos nas unidades de teste do evento.

E mais: o desenho alegre e descompromissado rompe com as linhas elegantes e esguias dos seus rivais. O Uno é um carro de formas simples como um brinquedo. O estilo foi batizado de “quadrado arredondado” e tudo nele remete a essa escolha estética.

A frente é alta e sem a tradicional grade – a entrada foi toda deslocada para baixo -, os faróis são retangulares, mas com as setas puxadas para fora e as caixas de rodas fogem do tradicional arco para se distanciarem dos pneus acima e ficarem próximas nos lados. Três pequenos quadrados à esquerda da parte frontal dão o toque final no exterior.

Interior elaborado

A novidade estética, no entanto, não significa um interior diferente. O Uno é convencional nesse sentido. Seu espaço interno é semelhante ao do Palio, apenas com vão maior no teto. Curiosamente, apenas a cobertura do painel de instrumentos é circular, assim como o velocímetro e o pequeno painel digital com informações do combustível e da temperatura, uma herança clara do Cinquecento. Dele também vieram os acionadores dos vidros dianteiros, instalados no console central – não há opção de atuadores elétricos nas portas traseiras.

Os comandos e botões são comuns a outros modelos, mas bem distribuídos. Há elementos de outros carros como as hastes do volante (Palio), botões do sistema MyCar (Punto) e porta-objetos superior (Idea), mas no geral o projeto é inédito. Por falar nisso, o modelo traz até mesmo apoio para o pé esquerdo, comum em carros mais caros.

Para aliviar a parte externa do cockpit, a Fiat concentrou no centro do modelo os ajustes dos bancos tanto de altura quanto de inclinação. Por outro lado, optou por instalar um apoio de cabeça fixo na frente e do tipo vírgula, retrátil, atrás.

O acabamento, no entanto, é o ponto alto do interior. Há muito plástico, mas com textura agradável e mesclado com tecidos e outros tipos de material. Se o cliente assim desejar, poderá aplicar uma cobertura na parte central do painel com diversos temas, assim como na alavanca do câmbio. A Fiat só esqueceu ou não quis oferecer o computador de bordo no modelo, assim como o ajuste de profundidade do volante e os retrovisores elétricos. Talvez queira preservar algumas vantagens do Palio, que é mais caro.

Se o cockpit é agradável o mesmo não se pode dizer do porta-malas. Menor que o do Mille, o compartimento tem piso deformado pelo estepe que se sobressai na superfície. O triângulo de emergência não encontrou um lugar para ser guardado e fica preso ao carpete no meio do porta-malas. Há um trabalhoso sistema de rebatimento dos bancos traseiros que pode ser ajustado em duas posições e oferecer mais 10 litros aos 280 originais, mas não existe a opção bi-partida, mais prática.

Em movimento

O novo Uno ganhou motores retrabalhados para serem mais econômicos e limpos. De quebra, houve uma leve melhora no desempenho, mas que não se refletiu no dia-a-dia. Batizados de Evo, os motores Fire 1.0 e 1.4 ganharam bielas maiores para minimizar o atrito. Além disso, o motor maior passa a contar com um sistema de variação de fase contínuo que atrasa a abertura das válvulas em rotações baixas.

Se possuem acabamentos parecidos no interior, as quatro versões disponíveis – Vivace, Attractive e Way 1.0 e 1.4 – mostram comportamento sutilmente diferente nas ruas. Os dois modelos com visual off-road são mais lentos e têm câmbio com escalonamento mais curto. Apesar de chegarem num giro muito alto a 120 km/h (3 800 rpm no 1.4 e 4 100 rpm no 1.0), o isolamento acústico do carro é muito bom.

A posição de dirigir não é tão alta e artificial quanto no Palio e o volante está mais na vertical. Não chega a ser a sensação de um carro com pegada mais esportiva, mas o posicionamento é adequado. O painel é bem alto, apesar do pára-brisas inclinado.

A direção hidráulica tem peso adequado e respostas não tão velozes, enquanto o câmbio tem engates longos, mas macios. A suspensão também é macia, mas sem deixar o carro rolar – a Fiat diz que o Uno é o melhor nesse aspecto no seu segmento. A visibilidade é boa, apesar da frente alta e do vidro traseiro pequeno. Em suma, um carro fácil de dirigir, mas mais na mão que o Palio.

Assim como o Gol G5 deixou seu antecessor vivendo de sobras, o novo Uno deve fazer suas vítimas internamente. Mas, ao contrário do rival da VW, o modelo que deverá sofrer mais com sua presença é o Palio Fire, com visual antigo e preço semelhante. O Mille deve sobreviver devido ao preço barato e à imagem de resistência.

Outros carros devem ter problemas com ele, como o próprio Palio ELX 1.0 e também o 1.4. Do lado da concorrência, o novo Uno pode virar uma pedra no sapato do Celta, Clio, Ka e até mesmo do Fox 1.0 e do Agile, aqui com a versão Attractive 1.4 - o Gol, por seu perfil esportivo, não parece ser ameaçado.

Mas, afinal, qual a resposta do Tostines da Fiat? Será que o cliente do novo Uno irá personalizar o seu carro com os variados decalques e apliques temáticos e, assim, quebrar a monotonia do prata e do preto nas ruas? Ou o compacto se sairá bem pelas suas virtudes racionais como preço baixo, espaço interno e acabamento? Os próximos meses nos dirão.

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